quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Um personal para decidir a minha vida

Lendo uma matéria da revista Época, escrita pela Eliane Brum, decidi fazer um gancho com o post: Identificando um cafajeste, Piriguete, Carnê das Casas Bahia e o quê você pensar, em que levantei a idéia de que perdemos a capacidade de analisar e questionar informações com o post de hoje. Escreverei sobre o ramo profissional que mais cresce e tem futuro no século XXI. Ser Personal "XXX" ou Coach "XXX" (De novo, preencha com o que você quiser).

Personal Trainner, personal stylist, personal finance e personal facas ginsu. É difícil achar uma área em que não exista um personal ou um coach. Para comida, para arranjar o emprego, manter o emprego, relacionamento, sair das dívidas, aplicar dinheiro e assim segue.

Claro que em alguns ramos, é necessária a opinião de um especialista. O que me causa um certo temor são os relacionados ao convívio na sociedade. Alguém para te ensinar a namorar, a criar amizades e etc. Chega a ser aterradora a idéia de que um indivíduo precise de um coach para aprender a viver em uma sociedade. Afinal, não estamos falando de sociopatas e sim de pessoas "normais".

Lembra daquela pessoa do trabalho que teve uma atitude incrivelmente idiota na hora do café? E ela assustada diz: "Mas como assim? Eu não quis te fazer mal!". Então, talvez seja esse o caso. Ela realmente não sabe se relacionar com pessoas! Ainda não teve uma consultoria de um "personal relationship".

Na matéria em questão, a autora apontou que estamos renunciando a responsabilidade. Não somos responsáveis porque ainda agimos como criança e não aprendemos nada, sempre precisando de um personal babá para ajudar!

Além disso, renunciamos a nós mesmos e a nossa vida. A forma com que lidamos e interagimos com as pessoas, deveria ser única. Ao continuar desse jeito, caminharemos para uma sociedade basicamente igual, fugindo do próprio conceito de sociedade. Imagina, "Eu sou Fulano e minha personalidade é baseada nos ensinamentos do personal Beltrano".

Se fosse para escolher um personal, eu iria pagar um personal trabalhador! Ele trabalhar no meu lugar! E não um para decidir a minha vida.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Caso Geisy Arruda. Seria engraçado, se não fosse patético!

Tirinha dos Malvados - Criado por André Dahmer! Recomendo!! Principalmente a sessão Escola da Vida.

Há muito tempo tenho a idéia de que protestar é preciso. Ter uma opinião, lutar para mudar uma situação que você não concorde ou te prejudique. Discutir, ter idéias. Afirmar que hoje em dia isso é raro - (Não, não sou um ex cara pintada. Não tenho idade para isso) - é morrer no óbvio. Agora o que impressiona é toda essa repercussão do caso "Geisy Arruda". Uma moça de 20 anos de idade e que aparentemente foi com um vestido, no mínimo, curto. Fato. É curto. O grande problema foi as proporções que um simples vestido curto tomou.

Primeiro, universitários, e tirando um adjetivo irônico do filme Mente Brilhante, "As mentes ávidas do amanhã", em um instinto de manada acéfala, insultar a moça, no melhor estilo Carandiru. Equivalente a uma rebelião do PCC. Falta de respeito, intolerância ao princípio de individualidade. Segundo, a mídia exaurir nossa paciência em dar uma repercussão enorme para um caso que não se compara a fatos e notícias que realmente importam. Terceiro, a UNIBAN expulsar a garota. Nem preciso comentar sobre isso. Uma faculdade expulsar uma pessoa que se veste de modo diferente. Ridículo. Quarto, a UNIBAN por causa da repercussão, voltar atrás da decisão de expulsar.

Toda esse burburinho é um reflexo do descaso com a educação acadêmica do país. Primeiro, o governo abriu as porteiras do ensino básico. Depois foi a vez do ensino médio. E agora, estamos vendo a reação com a abertura das porteiras do ensino "superior". Não importa se a boiada do ensino médio não sabe o que é unicelular. O importante, é que daqui quatro anos, ele se formará no curso de biomedicina e aumentará a estatística de pessoas com o ensino superior. Simples assim.

Da mesma forma, essa abertura aos novos "centros acadêmicos" contribui para puro descrédito do ensino. Faculdades despreparadas, sem estrutura e corpo docente/decente. Veja o próprio caso da UNIBAN. Há um tempo atrás, era uma universidade que beirava a falência, mas que graças a política do "Quer pagar quanto?" conseguiu se manter. Com um slogan até bonito. De compromisso com a sociedade.

Não foi inclusão, e sim banalização educacional. Afinal, qual é prestígio de dizer que você tem um diploma superior depois de uma cena patética dessa?